TOTALMENTE PERDIDO (A você que não sabe o que quer...)



I

A ti que me
Disseste que me viste
Tão sério.
E talvez... pensasse.
Meu Deus! que frieza aquela...
Como te enganas, pois pra ti
Estou em chamas.
Talvez te baixasse a guarda,
talvez se paraste de ser tão burro,
paraste de te ver só, na rua,
pudeste não me ver mais séria;
talvez me viste só, nua.
II

Os desígnios e efeitos das emoções
e aflições
As coisas visíveis são contrapostas às
Invisíveis.
Ainda que o homem externo e o amor
estejam se esvaindo e se consumindo
o interior se renova para poucos,
dia após dia.
Não mais fico atenta as coisas que vejo
Mas sim as que enxergo são temporais,
Passageiras e efêmeras.
Enquanto que as que não se vêem são
definitivas, são eternas...
não olho mais para as suas vestes
e sim para o seu corpo.
Não vejo mais a cor dos seus olhos
e sim o olhar que vem dele
não escuto mais sua voz sempre
com teoria e explicações, sinto-a e só.
Não procuro mais entender o porquê
das coisas, aceito-as.
Assim como na sua fala que
sempre é macia, mas que no seu
coração sempre se encontra uma guerra.
Suas palavras são brandas mais os
seus pulsos impunham espadas.
Talvez a vida e os momentos façam
com que os homens internos continue
a se matarem dando lugar a um simples
pedaço de massa humana,
ocupando um espaço útil que poderia
quem sabe, ser aproveitado
para se plantar algo mais
que o tempo desperdiçado por alguém
que só existe.

PARALELAS

Nos encontros da vida
eu te encontrei
tu me encontrastes
nós nos encontramos
as suas mãos tocaram
as minhas e uniram-se
cheios de desejos, receios e dúvidas,
tocaram os nossos lábios.
E
nos desencontros da vida
eu te perdi
tu me perdestes
e nós nos despedimos
Adeus.
Até logo.
Saudades, Saudades!...

ANTECIPAR
O que acontece se ainda não é primavera?
Onde os bichos já estão no cio...
Não tem cheiro de terra,
só gritos de guerra,
só dúvidas,
só queixas,
só medo,
e o meu desejo.
Quero você!
quero te ter
em meio a terra,
a serra e o mar
o que acontece se deixarmos de ser civilizados
e deixarmos o instinto falar
tal qual a semente que se deixa fecundar
e a terra que espera alguém se deitar.
E o meu corpo, a minha pele,
as minhas coxas
roçando às suas coxas
a sua boca, na minha boca,
os seus olhos, seu cheiro,
o seu, o nosso tempero
o que acontece se a primavera antecipar?