É DURO SER MIRANTE

De ônibus, de trem, de avião
não importa enfim pisei num chão
em meio a tanta agonia
andando por ruas tão frias.
Numa selva de concreto
e sem um teto
começo a andar sem parar
procuro um trabalho, dia e mais dia,
encontro gente.
Encontro um amor.
Conheço o rancor, o ódio e a decepção.
A guerra da sobrevivência onde
sou caluniada, magoada, ferida,
em meio à dor e a cor do meu sangue
descubro a minha força e sobrevivo.
Senti no meu corpo as suas noites frias,
as famosas noites terríveis e infelizes.
É duro ser migrante,
sair em meio a tanta descrença
encontrar um mundo de solidão
não ter alguém para chamar de irmão
vi a noite passar
o sol nascer e o dia chegar
vi o meu sonho sair pelas estradas
e com ele levando os meus sonhos e ilusões
como é duro ser migrante
não se sentir gente
só mais um com frio e sem calor
andando a noite e pedindo em vão
noite seja menos fria
chuva não chova não, pois
dormindo na calçada, debaixo dos viadutos
está o homem, a mulher com o filho,
que como eu migrou em busca de algo melhor
e não são só migrantes, são
integrantes de uma só situação.

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